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domingo, 22 de julho de 2012

TOUR DE FRANCE 2012 - CONTADO POR : HELENA DIAS CHEFE DE REDAÇÃO DE PEDALEO.COM



Compilado de : www.pedaleo.com

Chegou ao fim mais uma edição do Tour de France. Foram 23 dias, 1 prólogo, 20 etapas, 2 dias de descanso... 22 equipas pedalaram 3.494,4 quilómetros de um percurso que começou com um pelotão de 198 corredores e acabou com 153. O pódio foi conquistado por Bradley Wiggins (Sky)Chris Froome (Sky) e Vincenzo Nibali (Liquigas-Cannondale). E não havia melhor maneira de fechar esta edição, senão com mais uma vitória do Campeão do Mundo Mark Cavendish (Sky)!

Na última etapa, a vigésima, os 120 quilómetros foram de consagração para o vencedor da 99ª edição da ‘Grande Boucle’. De Rambouillet a Champs-ÉlyséesBradley Wiggins pôde desfrutar com toda a sua equipa Sky da primeira vitória britânica na corrida francesa. As duas contagens de montanha, ambas de 4ª categoria, em Côte de Saint-Rémy-lès-Chevreuses ao km 36,5 e Côte de Châteaufortao km 40,5, bem como o sprint em Haut des Champs-Élysées ao km 84,5, não foram mais do que metas de despedida das montanhas e da velocidade vividas neste Tour. Hoje triunfou nas montanhasThomas Voeckler (Team Europcar) e Rubén Plaza (Movistar Team). O sprint foi para Danilo Hondo (Lampre-ISD).

E a amarela foi para: Bradley Wiggins, britânico de 32 anos da equipa Sky, que lutou contra todas as dúvidas sobre o seu querer e persistência em ganhar o Tour de France. Um ano em que demonstrou a cada prova a sua qualidade... Na Volta ao Algarve ganhou uma etapa e foi 3º da geral, venceu oParis-Nice e a sua classificação por pontos, não deixou escapar a geral do Tour de Romandie e ainda conquistou duas etapas, no Critérium du Dauphiné ganhou a amarela e mais uma etapa... Mesmo assim, e chegando à ‘Grande Boucle’ como o principal favorito à conquista do maillot jaune, teve sempre sobre si enormes dúvidas a pairar quanto às suas capacidades em superar uma corrida de três semanas e dela ser o vencedor. Pois aqui chegou e ganhou a 9ª e a 19ª etapas, andando de amarela desde a 7ª. Hoje viveu o seu sonho, o momento certamente inolvidável de ser consagrado o vencedor da 99ª edição do Tour de France no pódio de Champs-Élysées, após anos de trabalho e dedicação:«Recordo-me de todo o trabalho feito para chegar aqui, da decepção de 2010, quando fui 24º, do ano passado quando parti a clavícula. Também da vitória no Paris-Nice e das perguntas que me faziam sobre se não tinha chegado ao pico de forma demasiado cedo.»

E a verde foi para: Peter Sagan, eslovaco de 22 anos da equipa Liquigas-Cannondale, que chegou à corrida francesa com toda a sua irreverência e indiscutível talento. Fez-se dono dos sprints intermédios e senhor dos pontos. As suas controversas formas de festejar vitórias, para além das 3 etapas que ganhou, transformaram-no na figura deste Tour. Desde ‘um urso panda e uma galinha’, passando pelo ‘Forrest Gump’ e culminando no ‘Hulk’, as suas vitórias foram sempre brindadas pela originalidade. Mas o jovem ciclista não se ficou por aqui. Dono de um senso de humor incrível, depois de ter sido levado a cair num final de etapa, perdendo a oportunidade de discuti-la ao sprint, apareceu no dia seguinte com uma buzina na bicicleta. Não sendo permitido correr com ela, na etapa seguinte levou um sapo em boneco que apitava... não esquecendo o episódio com a assinatura de um autógrafo no peito de uma fã! O que mais podemos esperar de um ciclista com tanto futuro ainda pela frente? A resposta é a uma incógnita, por isso, ficamos com as imagens do Tour of OmanTirreno-Adriático e Driedaagse van De Panne nos quais ganhou uma etapa, as 5 inesquecíveis vitórias em etapa no Tour of California e as 4 ganhas no Tour de Suisse onde também conquistou a classificação dos pontos. A somar a tudo isto, sagrou-se Campeão Nacional de Estrada Elite na Eslováquia.

E as bolinhas foram para: Thomas Voeckler, francês de 33 anos da equipa Europcar, que desperta amores e ódios a cada quilómetro que pedala. Não obstante, foi dos ciclistas que mais espectáculo deu nesta edição, lutando por cada montanha, pedalando ao sabor da sua vontade e atacando quando sabia ser o momento certo. Conhecedor de cada ascensão do Tour, empreendeu uma luta cerrada para a subida ao pódio no último dia como Rei da Montanha. E conseguiu! Somou ainda duas vitórias em etapa à sua temporada de bons resultados, com a vitória da geral em Brabantse Pijl, a conquista de uma etapa em La Tropicale Amissa Bongo e fazendo Top 5 em corridas importantes como Amstel Gold RaceLiège-Bastogne-Liège e Quatre Jours de Dunkerque.

E a branca foi para: Tejay van Garderen, norte-americano de 23 anos da equipa BMC, que subiu ao pódio como melhor jovem neste Tour, além de terminar a corrida em 5º lugar da geral. O principal objectivo da equipa era revalidar o título de vencedor da ‘Grande Boucle’ de Cadel Evans, com todos a trabalhar para atingir esse fim. No entanto, essa meta acabou por ficar pelo caminho e, assim,Garderen pôde mostrar o ciclista promissor e, quem sabe, próximo líder da equipa norte-americana. Este ano, contou com a presença no Top 5 do Paris-Nice e do Tour of California, além do seu 2º lugar nos Campeonatos dos Estados Unidos de CRI Elite.

E a melhor equipa foi: RadioShack-Nissan, a luxemburguesa sob a direcção de Johan Bruyneel, ausente nesta edição e a ter de lidar com vários assuntos ao mesmo tempo. Sendo o ciclismo um desporto de equipa, esta acaba por ser uma classificação que deveria ser um pouco a imagem da união de um grupo, o que soa um pouco estranho tratando-se da RadioShack-Nissan... Além do abandono de Fränk Schleck, pelo resultado analítico adverso a um diurético (Xipamide), do qual aUCI já confirmou o resultado adverso da amostra B, um outro episódio marcou e muito a prestação desta equipa. Foi na etapa 17, quando o seu ciclista melhor colocado na geral, Haimar Zubeldia, perdeu o contacto com o grupo de favoritos na última subida e não teve nenhum companheiro a ajudá-lo. Mesmo quando passou junto a Andreas Klöden, acabado de sofrer um furo e já de novo a pedalar, este não esperou por Zubeldia, seguindo a sua corrida sem sequer olhar para o companheiro de equipa. União não parece existir, apesar do 1º lugar nesta classificação que privilegia o colectivo.

E a combatividade foi para: Chris Anker Sorensen, dinamarquês de 27 anos da equipa Saxo Bank-Tinkoff Bank, que viu a sua valentia ser reconhecida através desta distinção. Além de estar presente em muitas das fugas, na 17ª etapa, Sorensen viu um jornal prender-se à sua roda dianteira e, ao tentar tirá-lo, acabou por cortar os dedos da sua mão esquerda nos raios da roda. Apesar dos cortes profundos, terminou a etapa no 24º posto e seguiu para o Hospital de Toulouse, onde fez um pequeno transplante de pele. Ainda se pensou que não começaria a etapa seguinte mas, como o próprio director Bjiarne Riis disse, Sorensen enfrentou as dores, mudou as ligaduras e apresentou-se à partida para a 18ª etapa.

Os sprints: este ano não se viu brilhar Tyler Farrar (Garmin-Sharp) em nenhuma linha de meta, masAndré Greipel (Lotto Belisol)Peter Sagan (Liquigas-Cannondale) e Mark Cavendish (Sky)brindaram o público com fantásticos sprints, sendo difícil eleger qual o mais espectacular de todos. Os três sprinters mostraram-se à altura uns dos outros e apoderaram-se das chegadas em pelotão para mostrar o seu talento, não deixando a mais ninguém a oportunidade de brilhar. Três para Greipel, três para Sagan e três para Cavendish... estas foram as suas vitórias!

As montanhas: poucas foram as etapas com chegada em alto. No entanto, Chris Froome (Sky),Thibaut Pinot e Pierrick Fedrigo (FDJ-Big Mat)Thomas Voeckler e Pierre Roland (Team Europcar)David Millar (Garmin-Sharp)Luis León Sánchez (Rabobank) e Alejandro Valverde (Movistar Team) deram o máximo na média e alta montanha, triunfando em finais mais ou menos complicados, mas sempre com o esforço de vários quilómetros pedalados estampado no rosto. De todos os corredores, Voeckler foi quem conquistou duas etapas tornando-se, mais do que no senhor das montanhas, no Rei dos Pirenéus!

prólogo e os contra-relógios: logo ao primeiro dia, Fabian Cancellara (RadioShack-Nissan)chegou com a promessa de uma vitória quase certa e cumpriu. O triunfo no prólogo deu-lhe a glória de vestir o maillot jaune até à 7ª etapa, altura em que se despediu do pódio para dar lugar àquele que não mais sairia dele... Bradley Wiggins (Sky) venceu os dois contra-relógios individuais, mostrando estar mais forte que nunca nesta sua especialidade. Aliás, a sua imagem em corrida não deixa margem para dúvidas, pois a fusão entre bicicleta e ciclista é total.

As fugas: imprescindíveis em qualquer corrida, as fugas marcaram mais uma vez o Tour, com vários corredores a destacarem-se em várias etapas. Michael Morkov e Chris Anker Sorensen (Saxo Bank-Tinkoff Bank)Fredik Kessiakoff e Andriy Grivko (Astana), Yukiya Arashiro (Team Europcar)Rui Costa (Movistar Team) e Pablo Urtasun (Eskaltel-Euskadi) foram dos ciclistas mais incansáveis na frente da corrida, tentando a cada etapa fazer a diferença, mesmo sabendo do quase certo ponto final por parte do pelotão à sua aventura.

As quedas: os controversos percursos escolhidos para esta edição foram muito questionados ao longo das três semanas de prova. Com uma primeira semana a privilegiar os finais ao sprint, cada etapa parecia esconder uma queda a cada curva. O resultado foram vários abandonos, com lesões mais ou menos graves, e o sonho de terminar o Tour ou competir nos Jogos Olímpicos a desmoronar-se. O caso mais preocupante foi o de Wout Poels (Vacansoleil-DCM), de 24 anos, que esteve nos cuidados intensivos, devido a ruptura num rim e no baço, ferimentos num pulmão e três costelas partidas. Ainda no hospital, Poels espera regressar a casa o mais breve possível, apesar do rim estar a funcionar ainda a 75%.

Outras histórias: à volta do Tour surgiram vários casos dignos de menção... O 17º e último Tour do veterano George Hincapie (BMC)... A guerra de tweets de Michelle Cound (namorada de Chris Froome) e de Catherine Wiggins (mulher de Bradley Wiggins)... A união, ou desunião, de Wiggins eFroome... Os pregos colocados na descida do Mur de Péguerè à 15ª etapa... Os agitados dias de descanso, com a ida da ‘Gendarmerie’ ao hotel da equipa Cofidis pela acusação de posse de substancias proibidas por Rémy Di Gregorio e o abandono de Fränk Schleck (RadioShack-Nissan) por um resultado analítico adverso...

E que melhor modo de terminar esta história do que mencionar três corredores? Começando pelos dois portugueses em prova, Sérgio Paulinho (Saxo Bank-Tinkoff Bank) mostrou estar a em grande forma para acompanhar Alberto Contador na Vuelta a España, terminando em 50º lugar, enquanto que Rui Costa (Movistar Team) conseguiu um grande 18º lugar, tentando e estando em diversas fugas. O terceiro corredor a mencionar é aquele que ficou em último lugar. Afinal, correu tanto como os outros: Jimmy Engoulvent (Saur-Sojasun). Até para o ano!

Traducción en portugués por
Helena Dias (Jefa de Redacción de www.pedaleo.com )
(escreve em português de acordo com a antiga ortografia)


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