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quarta-feira, 28 de março de 2012

CICLOCROSS PORQUE NÃO CHEGOU AO BRASIL ALGUÉM DESCONFIA?

Bicicletas de ciclocross? Mas que diacho?

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A SUV das bicicletas
O ciclocross é uma modalidade de ciclismo quase desconhecida e muito pouco divulgada cá por terras lusas. Só há um ano a esta parte é que começamos a ouvir falar com (ainda) pouca regularidade deste tipo de bicicletas.
Com a chegada do inverno e do mau tempo os corredores de estrada do centro da Europa, com o propósito de não pararem os treinos, montavam pneus cardados nas suas bicicletas e mantinham-se activos até ao arranque da época seguinte, no inicio da primavera. Como a chuva e a lama encharcavam as vias de circulação e arrastavam todo o tipo de detritos para a estrada, tornava-se necessário adaptar as bicicletas a esta realidade. Assim nasce um novo conceito que veio a chamar-se de ciclocross. Para preencher estes novos requisitos algumas marcas de bicicletas criaram as agora designadas bicicletas de ciclocross.
A existência desta actividade data do início do século XX. Em 1924 realizou-se o 1º Criterium Internacional de ciclocross (em Paris, no Bosque de Bolonha) e, passados que foram alguns anos e pelas proporções que a “nova” modalidade desportiva começou a envergar, a UCI decidiu organizar o 1º Campeonato do Mundo de ciclocross em 1950. A prática desta modalidade tem atingido, com especial relevância nos países do centro da Europa e nos USA, proporções dignas de registo. A aposta no desenvolvimento de produtos ligados ao ciclocross passou a ser uma realidade. Já temos assistido à presença de bicicletas de ciclocross em provas clássicas e de prestígio do ciclismo de estrada, como é o caso da famosa Paris-Roubaix.

A 1ª observação
Quando alguém, menos “rotinado” nestas coisas do ciclismo, passa um olhar rápido por uma bicicleta de ciclocross julga estar perante uma agradável bicicleta de estrada. E quando nos sentamos numa bicicleta de ciclocross essa sensação mantém-se. Semelhança no estilo de quadros, forma do guiador e dos manípulos, roda 28, posição na bicicleta. Para quem está familiarizado com bicicletas de estrada rapidamente percebe pequenas diferenças; pneus cardados e de maiores dimensões, travões cantilever e uma forqueta diferente. O primeiro comentário invulgarmente é : …”ah, isto é capaz de ser a mesma coisa que uma bike de estrada só que tem pneus cardados e uns travões diferentes”. O praticante típico de btt tem exactamente a mesma reação; não percebe é com a mesma agilidade as principais diferenças, por falta de rotina, entre uma ciclocross e uma bike de estrada. As grandes diferenças serão relevadas e analisadas neste artigo.
Em cima delas
O que surpreende nestas “meninas” é a facilidade com que se inserem em qualquer ambiente. Para melhor perceberem o que vos queremos transmitir vamos fazer-vos uma breve descrição do que foi um domingo bem passado ao guiador destas bombas.
…na estrada
Equipados a rigor ;-) metemo-nos à estrada em Algés, Marginal de Cascais, em direcção ao Guincho e Malveira. Integramo-nos num grupo de estrada, com que frequentemente nos cruzamos nestas manhãs desportivas, e vamos, sem preconceitos nem pruridos, perfeitamente enquadrados naquele ambiente típico da “rapaziada” da estrada. Boa roladora, segura a descer, excelência em comodidade, posição muito ergonómica e mais descontraída que numa bike de estrada e com boa capacidade de resposta. Não se trata, por óbvio, de uma bicicleta de aceleração rápida nem de uma trepadora pois o peso é proporcionalmente superior a uma bicicleta de estrada do mesmo valor; basicamente porque tem uma forqueta adaptada a outros ambientes bem mais pesados e por ter rodas e pneus mais robustos e mais pesados mas que acabam por ter a vantagem de anular as preocupações com as tampas das sarjetas e com os pequenos buracos que proliferam pelas estradas. E demos toda essa volta (cerca de 70km) sempre bem colocados no pelotão.
… e que tal um bocadinho de “off-road”?
Na volta de Cascais para Lisboa decidimos despedir-nos dos nossos amigos estradistas, saímos em Algés, subimos pelo Restelo e atravessamos Monsanto. Como o dia estava agradável e estava tudo a correr de feição, e porque a curiosidade também era muita, aventurámo-nos a entrar pelos trilhos de Monsanto e fazer os 13 kms que perfaziam o circuito das 24 horas de btt de 2009. Trata-se de um percurso com uma componente técnica que já requer algum domínio e conhecimento para ser efectuado numa bicicleta de cross-country. Como tinha chovido (pouco) de véspera o terreno estava ligeiramente pesado e escorregadio. Em situação alguma esta máquina hesitou em transpor e ultrapassar todos os obstáculos que se nos depararam. E com à vontade, conforto e precisão. Simplesmente fantástico. Só experimentando.
No entanto, e porque nem tudo o que luz é ouro, as relações de transmissão (pratos 46/36 e cassete 12/27) criam limitações no que concerne a velocidades máximas atingíveis por uma purista de estrada (normalmente com pratos 53/39 e cassete 11/25) e, por outro, tem muito menos características de trepadora, nomeadamente em trilhos mais técnicos, comparando com uma bicicleta de btt (que usa, normalmente, pratos 44/34/22 e cassete 11/32 ou 12/34).

O Quadro
Por definição estes quadros de ciclocross são mais robustos e consequentemente mais pesados e têm o triângulo principal amplo para facilitar a colocação da bicicleta ao ombro quando é necessário transpor obstáculos. Os cabos passam, via de regra, todos pela parte de cima do tubo horizontal, por essa razão, e também para se manterem mais limpos em situações de chão enlameado. As escoras inferiores (tirante que liga a zona da pedaleira ao eixo da roda traseira) à semelhança das bicicletas de btt têm 425mm de comprimento (em estrada usa-se 405mm, por regra) conferindo maior conforto e motricidade, perdendo no entanto em rapidez de resposta. Em matéria de geometria os ângulos do tubo de selim são os tradicionais 73 a 74 graus e a direcção ataca a 70,5 e 71 graus (contra 72 a 73 nas de estrada), dependendo do tamanho do quadro, perspetivando maior capacidade de inserção em descidas mais acentuadas e de maior índice técnico.
Transmissão
O grupo de transmissão (manípulos, manetes, cassete, corrente e desviadores frente/trás) é exactamente os mesmos que se utiliza em bicicletas de estrada. O pedaleiro é também semelhantes aos de estrada mas com um conjunto de pratos mais adequados a uma utilização técnica e mais conforme ao de uma bicicleta de btt, tal como foi explicado mais acima.
Propulsão
Eheheheh, não pedales, não! Tanto quanto sei ainda nenhum fabricante se deu ao trabalho de optar por colocar um motor elétrico nestas “bestinhas”…
Periféricos
Por periférico entende-se tudo o que é necessário para operacionalizar a bicicleta; guiador, avanço, selim, espigão de selim (nestes, são em tudo semelhantes aos de estrada).
Rodas idênticas mas preferencialmente mais robustas que as de estrada e pneus cardados, mais altos e mais largos (normalmente medidas C36 contra C23 das de estrada).
Os travões usados nas bicicletas de ciclocross são tradicionalmente os cantilever, que permitem melhor escoamento da lama e mais apoio do que os tradicionais travões de pinça das de estrada. Nos últimos anos começou a generalizar-se a utilização de travões de disco, por norma accionados por cabo e não por pressão de óleo, mas só em 2012 é que a UCI permite usar tais mecanismos de travagem nas provas integradas nos respectivos campeonatos.
Conclusão
Se tivéssemos que classificar esta tipologia de bicicletas no mundo automobilístico, que todos nós conhecemos, ou achamos que conhecemos com maior ou menor profundidade, e por comparação, diria estarmos perante um SUV de elevado nível. Muito boa roladora em estrada e em estradão, confortável, uma fora de estrada que mete inveja a algumas bicicletas de btt, uma citadina invejável. Se pretendes uma bicicleta muito versátil e elegante, multiusos… não hesites, olha bem para uma “menina” destas independentemente do nível de equipamento.
Apenas surpreendente, é o termo adequado.

Fonte:http://bikelogia.com
Primus Master

Um comentário:

EGBERTO disse...

Aqui em Alagoas realizamos uma competição que mistura as características de três modalidades do ciclismo convencional: Ciclocross, mtb e estrada. Onde cada atleta pode competir com qualquer tipo de bicicleta. É uma competição de longa distância, que tem em seu percurso, trechos em asfalto, paralelepípedo e terra. Desde 2011 alguns ciclistas começaram a participar também com bicicletas ciclocross, raras no Brasil. Em 2013 o goiano Raphael Mesquita ganhou a competição com um ciclocross. O nome do evento é O DESAFIO, www.desafiodeciclismo.com.